Parecer em Incidente de Inconstitucionalidade

 

Processo n. 0199743-40.2013.8.26.0000

Suscitante: 13º Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo

 

 

Ementa:

1)     Incidente de inconstitucionalidade do art. 209 da Lei Municipal n. 5.605/89, de Ribeirão Preto.

2)     Parecer pelo não conhecimento. Questão já enfrentada pelo C. Órgão Especial nos autos de Incidente de Inconstitucionalidade n° 0144313-06.2013.8.26.0000.

 

 

Colendo Órgão Especial

Excelentíssimo Desembargador Relator

 

Trata-se de incidente suscitado pela 13º Câmara de Direito Público, quando do julgamento da apelação cível/reexame necessário nº 0050181-59.2011.8.26.0506, Rel. Des. PEIRETTI DE GODOY, em 12 de junho de 2013, para fins de exame de eventual inconstitucionalidade do art. 209 da Lei Municipal n. 5.605/89, de Ribeirão Preto.

         O dispositivo questionado estabelece:

 

“ARTIGO 209 - O funcionário terá direito, após cada período de 05 (cinco) anos de efetivo exercício municipal, à percepção do adicional por tempo de serviço, calculado de acordo com um dos índices percentuais a seguir relacionados, sobre o vencimento ou remuneração do cargo efetivo de que seja titular, a que se incorpora para todos os efeitos legais, a saber:”

 

 

ADICIONAL

TEMPO DE SERVIÇO

ÍNDICES

1º quinquênio

05 anos

5%

2º quinquênio

10 anos

10,25%

3º quinquênio

15 anos

15,76%

4º quinquênio

20 anos

21,55%

5º quinquênio

25 anos

27,63%

6º quinquênio

30 anos

34,01%

7º quinquênio

35 anos

40,71%

8º quinquênio

40 anos

47,75%


         O venerando acórdão suscitou o incidente de inconstitucionalidade ao concluir que o art. 37, XIV, da Constituição Federal, “veda a ocorrência do chamado ‘efeito cascata’, ou seja, a incorporação de um acréscimo pecuniário à base de cálculo de outro acréscimo, concedido sob o mesmo título ou idêntico fundamento”. Prosseguindo, concluiu que “a legislação municipal oferece tabela indicando a base de cálculo do Adicional por Tempo de Serviço – Quinquênio, em que resta evidente, pela realização de simples cálculos matemáticos, que os quinquênios concedidos aos servidores públicos municipais estão sendo calculados de modo que, a cada novo quinquênio concedido, resta acrescido à base de cálculo do benefício os valores percebidos sob a rubrica do quinquênio anterior, em manifesta afronta à vedação constitucional de ocorrência de repique” (fls. 157/158).

É o relato do essencial.

No caso em análise existe óbice à instauração do incidente.

É que, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC, “os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão”.

Sabe-se, porém, que a matéria em análise já foi apreciada pelo C. Órgão Especial (Incidente de Inconstitucionalidade n° 0144313-06.2013.8.26.0000), como demonstra a seguinte ementa:

“ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO (QUINQUÊNIO) DOS SERVIDORES MUNICIPAIS DE RIBEIRÃO PRETO - O DISPOSITIVO LEGAL DE QUE SE TRATA (ART. 209 DA LEI MUNICIPAL N. 3181/76, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI MUNICIPAL N. 5605/89) NÃO DETERMINA EXPRESSAMENTE QUE, O ACRÉSCIMO PECUNIÁRIO DECORRENTE DO QUINQUENIO SERÁ COMPUTADO E ACUMULADO PARA A CONCESSÃO DE ACRÉSCIMOS POSTERIORES SOB O MESMO TÍTULO OU IDÊNTICO FUNDAMENTO - NÃO ACOLHIMENTO DA ARGUIÇÃO”.

Diante do exposto, opino pelo não conhecimento, com a restituição dos autos ao Colendo Órgão Fracionário de origem, nos termos do art. 481, parágrafo único, do Código de Processo Civil.

São Paulo, 09 de dezembro de 2013.

 

 

Sérgio Turra Sobrane

Subprocurador-Geral de Justiça

Jurídico

md