“A Copa do Mundo não acontece apenas nos estádios”
Especialista americano e Comitê de Gestão da Copa falam sobre o gerenciamento de riscos em 2014
Especialista americano e Comitê de Gestão da Copa falam sobre o gerenciamento de riscos em 2014
Nesta quarta-feira, 16/10, a Escola Superior do Ministério Público promoveu o “Seminário Internacional: Copa do Mundo e Gerenciamento de Riscos”, com a presença do americano Peter Tarlow, especialista em Segurança Pública e Turismo; Ph.D. em sociologia pela Universidade do Texas, e Consultor da polícia do Estado do Rio de Janeiro para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O evento contou com o apoio do Consulado dos Estados Unidos em São Paulo.
O consultor americano falou sobre três desafios para o País: a segurança do turista; a recuperação da imagem econômica e política do Brasil no exterior; e a prevenção e repressão aos grupos que podem causar conflitos durante o evento com o objetivo de desestabilizar o Poder Público.
"Se a policia não tiver mão firme, é possível que organizações como o PCC utilizem a violência para chantagear o Governo. A cada 1 real perdido sem a prevenção da violência, serão gastos R$ 100 para a repressão.”, avalia o especialista, ao reforçar a necessidade de um banco de dados integrado entre as polícias e uma estratégia efetiva de combate ao terrorismo no Brasil, considerando as últimas declarações de uma organização criminosa que atua dentro e fora dos presídios paulistas, que teria prometido promover a “Copa da Violência” no próximo ano.
Peter Tarlow também chamou a atenção para as diversas matérias internacionais que mostram um cenário de violência permanente no País. “Lá fora, tem-se a impressão de que o Brasil está em guerra. Só quando estamos aqui vemos que há muitos exageros", diz.
Um dos aspectos ressaltados pelo especialista, que presta consultoria para a polícia do Rio de Janeiro para a segurança de grandes eventos, é que a Copa do Mundo não se resume ao que acontece dentro dos estádios, mas em toda a cidade.
“Os policiais precisam saber até mesmo da biografia das camareiras dos hotéis em que os turistas vão se hospedar. O evento em parte, é esporte, mas na maior parte, é uma grande festa. Por isso, todo cuidado é necessário”. E, frisa: a imagem projetada no próximo ano será decisiva para o desenvolvimento econômico e social do País.
"Precisamos pensar em como tudo será visto pela Televisão. Não esqueçam de que o público não é apenas quem está participando do evento, mas o mundo inteiro. Todos estarão assistindo. A Copa deve ser vista como uma estratégia nacional para o crescimento do Brasil no cenário internacional.", afirma.
Sobre o risco da ocorrência de manifestações públicas durante os jogos, Tarlow defende que a responsabilidade pelo controle e pela ordem não pode ser apenas das polícias.
“Devemos capacitar as polícias para ganharem o coração do povo. Quando as pessoas se identificam com os policiais, concordam com a proteção que recebem e reagem contra quem os agride. O cidadão deve ser um aliado das polícias e compartilhar informações. A responsabilidade pelo sucesso da Copa não é de apenas uma Instituição ou órgão, mas de todos os brasileiros”, conclui.
Participaram do evento o Promotor De Justiça Paulo Castilho, idealizador do Estatuto do Torcedor; Marcos Sampaio e Marcelo Utti, representantes do Comitê Paulista de Gestão da Copa, e a Promotora da Justiça Valéria Diez Scarance Fernandes, Assessora da ESMP.