A Escola Superior do Ministério Público (ESMP) realizou, nesta terça-feira (16/09), o Cine Debate sobre obesidade infantil no auditório da sede da ESMP. Durante o evento, foi exibido o documentário “Muito Além do Peso” que abordou as eventuais causas do aumento da obesidade infantil. Após a exibição, foi realizado debate entre os componentes da mesa e os presentes.

O documentário abordou as eventuais causas do aumento da obesidade infantil e a influência da publicidade direcionada ao público infantil na criação de necessidades de consumo de alimentos pobres em valor nutricional, mas com alto índice de açúcar, gordura e conservantes. Também foi abordada a questão da venda de alimentos vinculada à distribuição de brinquedos.

Muitas vezes essas não são as reais necessidades de alimentação “é necessária uma educação para o consumo que, pode ser transformadora, deve desenvolver nos pais e nas crianças um pensamento crítico que os leve a entender o propósito da publicidade”, frisou Cláudia de Azevedo Sodré, Especialista de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON).

Cláudia Sodré, Especialista de Proteção e Defesa do Consumidor do PROCON; Ana Paula Bortoletto, Nutricionista do IDEC; Elaine Bastos, Secretária Executiva do CONSEA-SP; Vidal Serrano, Procurador de Justiça; e Ekatherinie Karageorgiadis, Advogada do Instituto Alana durante o debate

Para Ekatherinie Karageorgiadis, Advogada do Instituto Alana e Conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA Nacional), “é de extrema importância haver maior oferta de alimentação saudável nos grandes centros de compras e circulação de pessoas, além de mais incentivo para a prática de exercícios físicos”.

Na maioria dos alimentos processados não existe a informação no rótulo da quantidade de açúcar por porção. Esse dado é informado junto com os carboidratos que, de certa forma, fica escondido e difícil para o consumidor entender a composição dos alimentos.

No entanto, de acordo com Ana Paula Bortoletto, Nutricionista do IDEC e Conselheira do CONSEA Nacional, “é essencial passar informação para o consumidor, mas não é só a informação do rótulo que vai resolver o problema, é necessário uma mudança no padrão alimentar. Devemos valorizar a cultura da preparação dos alimentos. Isso traz integração, cultura, além de evitar muitos problemas à saúde”, conclui Ana Paula.

“Resgatar o convívio familiar que integra e se preocupa em como determinado alimento chegou até a mesa é um trabalho educacional que, hoje, recebe apoio e foi popularizado pelas redes sociais. Existem diversas campanhas que cobram dos fabricantes a informação correta e alimentos mais saudáveis. Estamos caminhando para uma maior conscientização”, afirma a mediadora Elaine Bastos, Secretária Executiva do CONSEA-SP.

Para o Procurador de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio às Promotorias Cíveis (CAO - Área do Consumidor), Vidal Serrano Nunes Júnior, “existem diversas leis que regulamentam a publicidade direcionada ao consumo desses alimentos que tem o público infantil como principal alvo, mas há uma dificuldade instrumental de aplicabilidade dessa legislação. Hoje, para avaliar esses casos seria necessária a criação de um órgão estatal com a participação da sociedade civil, a exemplo do que já ocorre na Europa”.

Documentário

Cerca de um terço das crianças brasileiras apresenta excesso de peso, a obesidade infantil é, sem dúvida, um problema de saúde pública que merece uma abordagem ampla e interdisciplinar na discussão de suas causas e consequências.

Para dar conta dessa complicada missão, "Muito além do peso" apresentou uma série de depoimentos de especialistas do Brasil e do exterior em diversas áreas do conhecimento, além de uma extensa lista de profissionais consultados para elaboração do material. O filme também apresenta casos de obesidade infantil provenientes de diversas regiões do nosso país.

Em resumo, o filme contextualiza aspectos importantes da dinâmica político-econômica na obesidade infantil. Expõe a grande influência da indústria de alimentos em ações políticas e também no dia-a-dia da população, a polêmica questão da publicidade voltada ao público infantil, a falta de educação nutricional aliada ao excesso de produtos processados presente na merenda escolar.

O documentário aborda ainda a falta de segurança pública necessária para prática de atividades físicas externas, a quantidade alarmante de horas gastas em frente à TV e internet, a dificuldade de acesso à alimentos mais saudáveis e abordada a venda de alimentos vinculada à distribuição de brinquedos.

Clique aqui para ver a resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) sobre publicidade.