Friday , 02 de october de 2015 Seminário destaca ação integrada contra violênciaPalestrante relatou experiência estadunidense no combate à violência de gênero e ações educativas
“Devemos ter uma postura crítica em relação ao machismo e à violência doméstica, entender que é necessário fomentar a igualdade de gênero desde a infância para rompermos o ciclo da violência contra a mulher”, declarou Quentin Walcott, Codiretor Executivo do Connect Staff, organização sem fins lucrativos dedicada à prevenção da violência interpessoal em New York (EUA), durante o seminário internacional que ocorreu no Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) na última quarta (30/9). Na opinião do especialista Quentin Walcott, que trabalha há 18 anos na prevenção de violência, todas as instituições devem desenvolver políticas e procedimentos específicos para construir sistematicamente uma cultura de igualdade de gênero. Ele relatou diversos programas de prevenção da violência contra mulher com focos nos mais diferentes públicos e aprendizados. As ações incluem intervenção na violência praticada contra crianças envolvidas com gangues; enfrentamento ao tráfico de drogas e combate à violência de gênero, ao racismo e à homofobia. Para ele a comunidade deve ser integrada nesse trabalho, mas cada caso deve ser tratado como individual. “Deve-se entender o motivo pelo qual aquele tipo de violência de gênero: é caso de gerenciamento de raiva, o agressor entende que tem privilégios sobre a mulher ou minimiza suas atitudes?”, destaca Quentin Walcott. A Promotora de Justiça Valéria Diez Scarance Fernandes afirmou que recente pesquisa realizada pelo Instituto Avon/Data Popular concluiu que 68% dos agressores presenciaram ou sofreram violência nos seus lares no Brasil. De acordo com ela, “a ideia é enfrentar a raiz da violência tendo em vista a construção da masculinidade e reconstruir nossa história. Devemos lembra que os programas para os homens são, na verdade, também para a mulher, para a família e para a sociedade”. Já para Sérgio Barbosa, Filósofo, Coordenador da ONG Coletivo Feminista, “é necessário conscientizar a sociedade da cultura de dominância do homem sobre a mulher. Esse tipo de violência vem da ideia que o homem não pode ser fraco admitindo erros, por exemplo. Então, muitas vezes, eles preferem usar a força física a resolver seus conflitos de maneira saudável e respeitosa”. Sérgio Barbosa ressaltou a importância de buscar um projeto de trabalho baseado no tripé prevenção, intervenção e educação no enfrentamento da violência rompendo com o modelo unicamente punitivo do Brasil. “O trabalho preventivo tem que ser realizado nas escolas e comunidades com homens jovens mostrando exemplos de outros homens que resolvem seus conflitos sem o uso da força. Esse modelo deve abranger o combate à violência contra a mulher, à homofobia, e ao preconceito racial”, concluiu. Citando dados da pesquisa realizada pelo Instituto Avon/Data Popular, a Promotora de Justiça Maria Gabriela Prado Manssur, advertiu que 56% dos homens entrevistados revelaram que já cometeram algum tipo agressão sendo que desse universo 65% se tornam reincidente. Para ela, “os programas têm eficácia porque é um trabalho feito com uma equipe multidisciplinar que inclui atendimento médico e psicológico”. Na opinião da Promotora a violência contra a mulher não acontece apenas dentro de casa, acontece no trabalho, nos espaços públicos. Por isso, “a sociedade civil tem que estar envolvida e lembrar que não existe projeto perfeito, existe uma ideia executável e um resultado final, devemos deixar um legado”. A promotora lembrou que o trabalho conjunto foi transformado em lei (Lei 229/2015) no município de Taboão da Serra, onde atua a promotora. Naquela cidade, o agressor é intimado pelo Judiciário a comparecer ao programa por meio de uma medida protetiva. Neste ano, o projeto está na segunda edição e a taxa de comparecimento é de 90%. Participaram também do evento a Vice-Cônsul dos Estados Unidos em São Paulo, Tracy Musacchio, os Promotores de Justiça Augusto Eduardo de Souza Rossini, Celeste Leite dos Santos, Fabiana Dal´Mas Rocha Paes, Fabiola Sucasas Negrão Covas, Silvia Chakian de Toledo Santos e Teresa de Almeida Prado Franceschi. |
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