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Thursday , 23 de june de 2016

MP denuncia quatro por racismo virtual contra jornalista da TV Globo

Quatro adolescentes também participaram dos ataques feitos pela internet
Quatro adolescentes também participaram dos ataques feitos pela internet

O Ministério Público de São Paulo, por meio da 1ª Promotoria de Justiça Criminal, ofereceu denúncia contra quatro homens acusados de cometer racismo virtual por meio da Internet contra a jornalista da TV Globo Maria Júlia Coutinho, a Maju. O crime contou com a participação de quatro adolescentes.

De acordo com a denúncia, os quatro adultos e os quatro adolescentes associaram-se para formar uma sociedade criminosa cibernética, visando ao cometimento de crimes de falsidade ideológica e, posteriormente, de racismo, de injúria qualificada e de corrupção de menores, com estabilidade e permanência, no denominado ciberespaço.

Para tanto, valeram-se de dados falsos, por eles próprios imaginados, com os quais abriram contas na rede mundial de computadores (internet) em nome de terceiros.

Segundo a denúncia, ao omitirem dados verdadeiros, seus nomes e demais dados qualificativos reais nas aberturas de “contas”, eles tinham como um dos objetivos a autopromoção e a busca da impunidade, dificultando sua identificação, especialmente porque pretendiam valer-se das identidades falsas para a criação de grupos do Facebook que se caracterizavam como verdadeiras gangues virtuais.

Os denunciados e seus comparsas não identificados, juntamente com os adolescentes infratores, uniram-se visando a retirar do ar páginas da rede social que não lhes agradavam, como páginas de fãs clubes de artistas e páginas de pessoas por eles eleitas como “inimigas”, promovendo verdadeira “guerra virtual” (tanto que se auto-intitulavam “soldados” e membros de “facções”).

Para isso, infiltravam membros de seus grupos “de ataque” nas páginas alvo e, a partir do comando dos administradores, passavam a postar fotografias e vídeos de conteúdo pornográfico e indevido, “denunciando a página”, em seguida, ao Facebook, que por constatar a violação de suas regras, as retirava do “ar”. E, de fato, após a idealização e efetiva criação das “páginas” e “grupos”, foram realizados os “ataques” que “derrubavam” as “páginas” alheias, prejudicando a comunicação dos membros dos fãs clubes e dos demais usuários, sem qualquer justificativa lícita.

Esses grupos eram rapidamente formados e alguns deles chegaram a ter mais de 20 mil membros. Os denunciados foram alguns dos principais líderes dos ataques, dentre eles o realizado à página do  Facebook do Jornal Nacional, da Rede Globo, no dia 3 de julho de 2015.

Entre os quatro denunciados pelos ataques à jornalista negra Maria Julia Coutinho, conhecida como Maju e que apresenta a previsão do tempo do telejornal Jornal Nacional, está um profissional da área da informática, que integrava vários dos grupos de ataques, postando mensagens de ódio e incentivando outras pessoas com suas atitudes.

Os denunciados, administradores das associações criminosas cibernéticas, pouco antes do dia 03 de julho de 2015, comunicaram seus “soldados” sobre a necessidade de realizar o “ataque” e marcaram previamente dia e horários para isso.  De acordo com a denúncia, eles induziram os demais membros de seus grupos e depois os instigaram a praticar crimes de racismo e a tecer comentários ofensivos à honra (com elementos de raça e cor) da jornalista,  no que foram atendidos. Todos eles, pessoalmente, também realizaram as práticas criminosas juntamente com os adolescentes.

Dentre as dezenas de afirmações racistas e injuriosas destacam-se as manifestações de preconceito contra a raça negra e contra a cor preta (racismo), por se tratarem de alusão a toda uma raça, como também as manifestações racistas genericamente formuladas às pessoas a elas pertencentes (raça e cor), além da saudação nazista (Heil Hitler - “Hi Hitler”), proferidas pelos “soldados” dos grupos. Também foram realizadas ofensas à honra subjetiva da jornalista, com alusões aos elementos de sua raça e cor (injúria qualificada).


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