Três promotores de Justiça e 11 policiais civis da região de São João da Boa Vista realizaram, na manhã desta sexta-feira (10/2), uma operação que prendeu um ex-prefeito, um ex-tesoureiro, um ex-funcionário e um servidor da Prefeitura de São Sebastião da Grama. Eles são investigados por terem desviado mais de R$ 4 milhões dos cofres públicos entre os anos de 2008 a 2012. O grupo vai responder pela prática dos crimes de peculato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Foram presos Emílio Bizon Neto (ex-prefeito, que permaneceu no cargo até 2013), Aliomar Mapelli (ex-tesoureiro), Marcelo Rodrigo Cruz (ex-funcionário da prefeitura) e Evandro Frascarelli (servidor da prefeitura que substituía o ex-tesoureiro em sua ausência).
Os quatro são investigados por terem descontado cheques da prefeitura na "boca do caixa" em bancos. De acordo com o promotor de Justiça de São Sebastião da Grama Marcelo Sperandio Felipe, os documentos eram emitidos em nome da prefeitura local e tinham no verso a assinatura do ex-prefeito e do ex-tesoureiro, para que o saque ao portador pudesse ser feito.
No início, os valores dos saques somavam R$ 65 mil e depois passaram para R$ 115 mil mensais. “Eles alegavam que o dinheiro era usado para pagar a folha de funcionários da prefeitura”, explica Felipe. “Mas, na verdade, o objetivo era apenas beneficiar aquele grupo”.
Os mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos nesta sexta foram requeridos pelo MPSP. Nas residências dos investigados foram apreendidos documentos, anotações, agendas, laptops e celulares. Não houve apreensão de dinheiro. Há um inquérito policial em andamento e as investigações continuam. A prisão temporária tem duração de cinco dias.
Os promotores de Justiça José Cláudio Zan (São José do Rio Pardo) e Guilherme Schlittler de Oliveira (Mococa) também participaram da operação, além de dois delegados, oito investigadores e um escrivão da Seccional de São João da Boa Vista.
Outro esquema que também lesou o erário público de São Sebastião da Grama em cerca de R$ 700 mil e que levou à prisão o ex-contador da prefeitura Carlos Roberto Garcia Patrocínio e a mulher dele, Lourdes do Carmo Ferraiolo Patrocínio, foi investigado pelo promotor de Justiça Marcelo Sperandio Felipe. Em primeira instância, o ex-contador e sua esposa foram condenados, respectivamente, a 30 anos e 12 anos de prisão.
“Como tinha acesso à contabilidade inteira da prefeitura, inclusive às senhas digitais, Patrocínio usava dinheiro público para pagar contas pessoais e da família, como cartões de crédito, serviços de jardinagem, contas de adegas e aquisição de R$ 70 mil em cortinas, etc.”, afirma o promotor de Justiça. Lourdes não era servidora do Executivo, mas entregava as guias ao marido para que ele efetuasse os pagamentos.