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Wednesday, 22 de march de 2017

Promotora pede prisão de sete por desvio de cafeína destinada ao tráfico em Carapicuíba

Em cerca de três anos, quadrilha extraviou 33 toneladas
Em cerca de três anos, quadrilha extraviou 33 toneladas

A promotora de Justiça Fernanda Priscilla Bergamaschi Moretti Iassuoka pediu nesta terça-feira (21/3), a condenação de sete pessoas por desvio de 33 toneladas de cafeína destinadas ao tráfico de drogas em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Trata-se de um dos maiores extravios da substância já detectados pela Polícia Federal. A cafeína é utilizada  para o “batismo da cocaína”, pois aumenta a massa e, consequentemente, a margem de lucro.  

De 2012 a 2015, Osmar Pasternack da Rocha Calmon Oliveira Lins, Cassia Cristina de Paula, Bruna Lisboa Cerqueira, Rafael Rodolpho Vieira, Eliane Guimarães Moreira, Aline Beatriz Bruna de Paula e Fernando Alves Fuchs  formaram uma organização criminosa para desviar produtos químicos controlados destinados ao preparo, ao incremento e ao refino de cocaína. 

Lins e Cassia há tempos comercializavam produtos químicos por meio da empresa “Fullness Importação e Exportação de Produtos Químicos Ltda”. Eram sócios da empresa uruguaia “Danopark Internacional Sociedade Anônima” e de Eliane, pessoa humilde que morava na Cohab de Carapicuíba e funcionava no esquema como “laranja”, uma vez que ela cedeu o nome para constar como sócia majoritária e recebia mensalmente para isso. 

Em setembro de 2012 ocorreu a primeira alteração contratual quando a “Danopark” saiu da sociedade e dela passou a constar como sócia minoritária Sandra, mãe de Bruna, e como sócia majoritária, com 70% do capital, Eliane. Em outubro de 2013 houve uma última alteração contratual, quando Sandra saiu do quadro societário e, em seu lugar, entrou Marcelo Souza Santos, que, posteriormente, durante as investigações, descobriu-se não existir. 

Em 2012 a “Fullness” iniciou processo na Polícia Federal para tirar a licença de funcionamento, o que ocorreu em 2013. A partir de então a “Fullness” passou a adquirir grandes quantidades de produtos químicos controlados, incompatíveis com sua estrutura pessoal, econômica e física. O fato despertou a atenção da Polícia Federal, que passou a fazer uma análise mais apurada dessas transações. As investigações levaram cerca de oito meses.

Os relatórios da inteligência da PF apontaram o extravio de grandes quantidades de substâncias destinadas ao preparo e adulteração de entorpecentes: 33.244 quilos de cafeína, 792 quilos de lidocaína, 815 litros de acetona, 1.099 litros de éter, 2.772 quilos de manitol e 812 litros de acetato de etila. Levantamento da Polícia Federal comprovou que os reais proprietários da “Fullness” eram Lins e Cássia e os demais Bruna, Vieira, Eliane, Fuchs e Aline eram funcionários da empresa.  

Lins e Cássia definiam como deveriam ser adulterados os controles nas embalagens dos produtos químicos e determinavam a destruição dos rótulos e sinais que pudessem viabilizar o rastreamento da mercadoria. Também deliberavam que os produtos químicos, muitas vezes, fossem colocados em embalagens diferentes daquelas nas quais foram comprados para burlar eventuais fiscalizações. Constatou-se a compra de diversas toneladas de produtos químicos sem que fossem dadas as devidas destinações. Ou seja, a empresa declarava as compras, entretanto, para que não fosse fiscalizada, informava apenas que havia dado destinação genérica para os produtos adquiridos.

Durante os seus dois anos de funcionamento a empresa adquiriu, em média, mais de duas toneladas mensais de produtos químicos, especialmente cafeína. As empresas que vendiam para a “Fullness” eram idôneas, mas algumas estranharam a exorbitante quantia adquirida pela empresa e comunicaram o fato à Polícia Federal.

A PF descobriu também que Lins e Cássia já estiveram envolvidos em casos semelhantes, por empresa já investigada, em Diadema. Os dois moravam em uma casa de alto padrão em Ilhabela, além de possuir carros importados de luxo. 

Para guardar os produtos desviados a “Fullness” contratou os serviços de armazenagem de produtos químicos da empresa “Air Farm”. Quando foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisões, ficou constatado que 8.450 quilos de cafeína, 945 quilos de manitol e 675 quilos de lidocaína armazenados na “Air Farm” não eram produtos químicos, mas sim, talco e amido de milho porque as substâncias eram efetivamente retiradas das embalagens, uma vez que o amido e o talco possuem a mesma característica (pó branco) para burlar a fiscalização. 

Os verdadeiros produtos químicos eram entregues em locais ermos para o tráfico. Quando o esquema foi descoberto a quadrilha preparava-se para fechar a “Fullness” e abrir a “Mansua” para realizar o mesmo tipo de operação. 


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