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Monday , 11 de december de 2017

Justiça aceita denúncia do Gaeco contra seis investigados na Operação Ouro Verde

Grupo fraudou licitação em Campinas para desviar recursos
Grupo fraudou licitação em Campinas para desviar recursos

Em decisão da última quinta-feira (7/12), a Justiça aceitou denúncia apresentada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) contra seis pessoas acusadas pelos crimes de integrar organização criminosa, fraude em licitação, falsidade ideológica e peculato. De acordo com os promotores de Justiça Daniel Zulian, Jandir Moura Torres Neto e José Cláudio Tadeu Baglio, os denunciados Aparecida de Fátima Bertoncello, Daniel Augusto Gonsales Câmara, Fernando Vítor Torres Nogueira Franco, Paulo Roberto Segatelli Câmara, Ronaldo Foloni e Ronaldo Pasquarelli agiram para burlar o chamamento público que definiria os responsáveis pela gestão do Complexo Hospitalar Prefeito Edivaldo Orsi (Hospital Ouro Verde), em Campinas. Todos estão presos temporariamente e a manutenção da prisão foi determinada na mesma decisão que recebeu a denúncia. A investigação que apurou o envolvimento dos seis réus culminou na deflagração da primeira fase da Operação Ouro Verde.

Segundo a denúncia, a organização Social vitale Saúde, antiga Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Bariri, foi a vencedora da seleção realizada pelo poder público para gerir o Hospital Ouro Verde. O Gaeco recebeu informações de que a Vitale Saúde seria composta por diretores e administradores oriundos da Pró-Saúde, organização social conhecida por ser investigada em inúmeras irregularidades praticadas em todo o país. O Gaeco instaurou, então, procedimento investigatório que apontou para a existência de fraudes no chamamento público que teve a Vitale Saúde como vencedora. 

A lei estabelece que as organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos. No entanto, dados obtidos por meio do monitoramento telefônico e de e-mails, além de análises do Gaeco, "demonstraram que, na verdade, as pessoas por trás da Vitale, que não se resumem àquelas constantes formalmente dos seus quadros  diretivos, encobertadas sob o manto de uma entidade assistencial, usaram-na como instrumento para fraudar o chamamento público e obter vantagens patrimoniais indevidas, desviando dinheiro público".

Ficou demonstrado que Paulo Câmara, Daniel Câmara e Ronaldo Pasquarelli, que não estavam formalmente vinculadas à Vitale, eram responsáveis de fato pela organização. Já Aparecida Bertoncello e Ronaldo Foloni, respectivamente presidente e diretor-geral da entidade, não possuíam autonomia para tomada de decisões sobre os rumos da Vitale, considerando Paulo Câmara, Daniel Câmara e Pasquarelli como os efetivos "chefes do negócio". Os três tinham seu envolvimento com a Vitale formalmente disfarçado por contratos de consultoria. Ou seja, para que pudessem obter reais vantagens com o “negócio”, os reais responsáveis pela Vitale eram remunerados por pagamentos feitos pela organização social a título de consultoria, que, na prática, não era prestada.

E para que o esquema gerasse vantagens financeiras para os envolvidos, era fundamental que a entidade assistencial em questão utilizada vencesse a seleção pública. Para tanto, os denunciados utilizavam artifícios para fraudar o caráter competitivo dos chamamentos públicos. A Vitale entrou na licitação para gerir o Hospital Ouro Verde ainda como Santa Casa de Bariri, tendo a denominação social alterada só ao fim do processo. O chamamento acabou sendo suspenso quando Comissão Especial de Seleção alegou que pedidos de impugnações precisavam ser analisados. "Chamou a atenção o vínculo de parte dos denunciados também com as entidades que fizeram os pedidos de impugnação que geraram a suspensão do processo de seleção, a qual manifestamente beneficiou a Vitale  Saúde. Com efeito, as outras duas impugnações que serviram para protelar o chamamento, com a suspensão do certame, foram apresentadas pelas entidades OSJM e INDSH, as quais possuíam estreita relação com os denunciados Daniel Câmara, Paulo Câmara e Ronaldo Pasquarelli", diz a denúncia. 

Para o Gaeco, a indevida remuneração do grupo liderado pelos Câmara e por Pasquarelli, além daquela paga ao lobista e diretor técnico da Vitale Fernando Vítor, deu-se por meio da simulação da prestação de serviços de consultoria, o que só foi possível com a concordância de Aparecida e de Foloni. Estes últimos são considerados funcionários públicos por equiparação, já "que exercem cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, entidades essas sem fins lucrativos que atuam, em colaboração com o Estado, na prestação de serviços de saúde, atividade típica da Administração Pública". Por isso, foram denunciados também por peculato, que é a apropriação ou desvio de recursos públicos por parte de servidores.


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