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Wednesday, 14 de february de 2018

Policial militar e entregador de pizza vão a júri popular por crime em São José do Rio Preto

Após homicídio, dupla cometeu atos de fraude processual
Após homicídio, dupla cometeu atos de fraude processual

O policial militar Alexandre Mendes e o entregador Adriano Rocha irão a júri popular pelo homicídio cometido contra Bruno Alves de Campos em fevereiro de 2014, no município de São José do Rio Preto. Os dois foram denunciados pelo promotor de Justiça José Heitor dos Santos, que acompanhou as investigações envolvendo o crime. De acordo com o membro do Ministério Público de São Paulo, Mendes participou, um dia antes do crime, de uma reunião com moradores e comerciantes do bairro Santa Cruz, incomodados com a presença de pessoas em situação de rua na praça “Figueira”, espaço nobre localizado na esquina das ruas Silva Jardim e Cândido Carneiro. No dia seguinte, o réu, por ser policial militar, acreditou que pudesse empregar ameaça e violência física para garantir a segurança do local, proibindo a presença de pessoas em situação de rua. Ele foi à praça e encontrou a vítima e mais três homens. 

Empunhando sua pistola, Mendes anunciou que era policial, "mandou que os quatro rapazes saíssem da praça e, ao mesmo tempo, recolheu seus pertences pessoais, amontoou-os no meio da praça e ateou fogo", numa clara demonstração de abuso de autoridade. Para a Promotoria, o réu atentou contra a liberdade de locomoção dos homens, "pois nenhum deles estava cometendo qualquer ato ilícito no local, logo não estavam obrigados a deixar a praça pública, de onde foram literalmente expulsos". Inconformado com a situação, Campos permaneceu na praça, apanhou algumas pedras e arremessou contra Mendes, atingindo-o no joelho esquerdo e nas costas, causando lesões corporais de natureza leve. Correndo, o policial iniciou uma perseguição contra a vítima e, após atirar para o alto, em via pública e em local habitado, conseguiu alcançar e render Campos. Apesar de o homem estar parado em sua frente sem esboçar nenhuma reação, Mendes disparou em sua cabeça, matando-o imediatamente. 

Após o crime, o policial foi até uma pizzaria próxima e, apesar de estar com o próprio celular, pediu para usar o aparelho do entregador de pizzas Adriano Rocha. Ao entrar em contato com o serviço de atendimento da Polícia Militar, Mendes relatou o caso como sendo de resistência, informando ainda horários incongruentes para os fatos. Em seguida, o réu conseguiu uma faca e colocou-a próxima ao cadáver de Campos, passando a alegar legítima defesa. Em depoimento, Rocha disse que "viu que havia um homem caído no chão e com a faca ao lado de sua mão, logo chegaram viaturas, bem como o SAMU". A versão, no entanto, foi desmentida por outras testemunhas, entre elas uma jornalista, que afirmaram que a vítima não carregava faca, estando inclusive apenas de bermuda, sem camisa. 

A Promotoria denunciou Mendes por homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), destruição de coisa alheia, constrangimento ilegal, abuso de autoridade, disparo de arma de fogo e fraude processual. Já Rocha foi denunciado por fraude processual. Após a Justiça aceitar a denúncia, os réus interpuseram recurso pedindo para serem impronunciados, o que foi negado em 31 de janeiro. Com a decisão, os réus irão a júri popular.


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