O procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, concedeu entrevista à Globonews neste sábado (19/9) sobre o Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi). Criado pela Resolução 1.227/2020, de 15 de setembro, o Gecradi tem como objetivo a identificação, prevenção e repressão dos delitos de intolerância, de preconceito e discriminação cometidos na Capital, sempre respeitado o princípio da primazia do promotor natural.
"Detectamos, já no ano passado, quando eu ainda estava na Subprocuradoria de Políticas Criminais, que vários crimes, como homicídio e lesão, tinham esse viés racial", afirmou Sarrubbo. De acordo com ele, há necessidade de uma maior especialização por parte do MPSP para o combate a esses delitos. "Esse grupo é muito bem-vindo", opinou o professor Thiago Amparo, da FGV-SP, que participou da entrevista.
Na conversa com a jornalista Lilian Ribeiro, o PGJ defendeu o uso das garantias conferidas aos integrantes do sistema de Justiça para o enfrentamento à desigualdade racial. "Não é possível que em 2020 ainda tenhamos esse tipo de diferença num país como nosso", declarou. "É hora das instituições avançarem. É hora da sociedade avançar. Acho que essa iniciativa do Ministério Público é importante", disse o PGJ, mencionando também as Promotorias Regionais de Segurança, projeto em discussão no Órgão Especial do Colégios de Procuradores, como uma forma de o MPSP influenciar mais fortemente a política de segurança e os protocolos da polícia no sentido de mitigar eventuais traços discriminatórios na atuação da corporação.