MP oferece denúncia contra 11 membros do PCC

 

O Ministério Público de São José dos Campos ofereceu à Justiça denúncia contra 11 pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa que age de dentro dos presídios paulistas. Os 11 – dentre eles quatro advogados – foram presos durante operações realizadas dia 25 de julho, no último final de semana e na segunda-feira passada (25) pelos núcleos regionais do Grupo de Atuação Especial de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de São José dos Campos, de Presidente Prudente e da Capital.

 

            Com autorização da Justiça, o Ministério Público interceptou, nos últimos meses, ligações telefônicas feitas de dentro do presídio de Presidente Venceslau por Orlando Motta Junior, conhecido por Macarrão ou Kalakalu, considerado o braço-direito de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC). As escutas revelaram que ele era o responsável pelo braço jurídico da facção criminosa, conhecida dentro do PCC como “sintonia dos gravatas”, arrecadando mensalmente cerca de R$ 250 mil para pagar advogados contratados exclusivamente para cuidar da defesa dos membros da facção nos processos judiciais.

 

            Com base nas investigações, a Justiça decretou a prisão das advogadas Alessandra Moller e Patrícia Galindo de Godoy. Alessandra, segundo apuraram os promotores, coordenava a equipe de advogados do PCC na Capital e Patrícia, no interior do Estado. Escutas telefônicas capturaram conversas de dentro do presídio entre Macarrão e as duas advogadas, acusadas de orientar a ocultação de crimes, lavagem de dinheiro e articulação de comunicação entre lideranças do PCC, além de negociar eventuais pagamentos de propinas a policiais e autoridades e introduzir aparelhos celulares em presídios.

 

Alessandra foi presa em Presidente Prudente, onde visitava um preso. A operação cumpriu mandado de busca no escritório e na casa da advogada, em São Paulo, onde foram apreendidos documentos, R$ 2.850 em dinheiro, computadores, um notebook, agenda, 4 aparelhos de celular, planilhas eletrônicas de contabilidade e relatórios mensais de advogados contratados pelo PCC.      A advogada Patrícia Galindo de Godoy foi presa no escritório dela, em Presidente Prudente. Com ela foram apreendidos R$ 35 mil em dinheiro, sete aparelhos celulares, documentos e planilhas de contabilidade.

 

            Na sexta-feira passada (23), foi preso o advogado Júlio Cesar da Silva, de São José dos Campos. Ele negociava a entrada de celulares no presídio e é acusado também de usar dinheiro do tráfico para subornar policiais durante a prisão de traficantes ligados a Macarrão. Na segunda-feira (25), foi preso em São Paulo o advogado José Luiz Correia Menezes. Nas investigações, Menezes aparece negociando propina com policiais da Capital para aliviar a situação de traficantes da quadrilha de Macarrão, presos em flagrante.

 

            Todo o esquema com os advogados era controlado por Macarrão e por Marlon José de Souza Rosa, vulgo Melke ou MR, de dentro da Penitenciária de Valparaíso, onde cumpre pena. Melke se comunicava com os advogados por meio de softwares de mensagens eletrônicas de computador e por VOIP, sistema de voz sob plataforma IP, para tentar impedir o monitoramento da comunicação.

 

            Durante a operação, em julho, também foi preso Jamilson de Andrade Fernandes, que havia se mudado recentemente para São José dos Campos, onde preparava a abertura de um ponto de venda de drogas no Parque Interlagos. Jamilson é apontado como o gerente dos pontos de droga comandados por Macarrão de dentro do presídio, em São José dos Campos e na Cidade Dutra, na Capital. Com ele foram apreendidos R$ 7 mil em dinheiro e nove aparelhos de celular.

 

            Além de Jamilson, a operação prendeu a sogra dele, Maria Inês da Silva, que cuidava da contabilidade do tráfico e ajudava na logística da distribuição das drogas. Também em São José dos Campos foi presa a esposa de Macarrão, Maria Jucinéia da Silva. Irmã de Maria Inês, ela é acusada de lavagem de dinheiro da quadrilha. Ela tinha R$ 12.400 em dinheiro, seis aparelhos celulares e um computador.

 

            Na Cidade Dutra, em São Paulo, foi presa Sirlene Costa Aguilar, a Melana, moradora da favela e responsável pela venda de drogas na região a mando de Orlando Motta Junior. A irmã dela, Soraya Medina de Aguilar, a Marli, também foi denunciada. Ela havia sido presa em abril, no Vale do Paraíba, quando transportava cocaína a mando de Orlando Mota Junior.

 

Todos os 11 acusados foram denunciados por formação de quadrilha. Orlando, o Macarrão, Jamilson, Soraya, Sirlene e as advogadas Alessandra e Patrícia também foram denunciados por associação para o tráfico.

 

  Maria Jucineia da Silva, Maria Inêz da Silva, Orlando Mota Junior Jamilson de Andrade Fernandes, as advogadas Alessandra Moller, e Patrícia Galindo de Godoy, Marlon José de Souza Rosa foram denunciados também por lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Um apartamento comprado com dinheiro do tráfico por Macarrão e registrado em nome de Maria Jucinéia foi seqüestrado pela Justiça.