A Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital instaurou inquérito civil para apurar os reflexos da implementação de bloqueio de avenidas e ruas da cidade de São Paulo para a circulação de veículos, em meio à pandemia de covid-19. 

No inquérito, foram pedidos esclarecimentos à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) quanto aos estudos técnicos da área de tráfego e de saúde que embasaram a adoção da medida de bloqueio das avenidas Moreira Guimarães, Santos Dumont, Radial Leste e Francisco Morato. A Promotoria quer saber ainda se há estudos visando ampliação do bloqueio para outras vias ou a realização de adequações no procedimento, se  os estudos e planejamento da medida em questão levaram em conta os reflexos e interferências eventuais com o regime de rodízio de veículos; e  quais as consequências previstas e já observadas para a circulação de pedestres, profissionais de saúde, veículos de transporte coletivo e veículos que atendem a situações emergenciais de saúde e segurança pública e outros serviços essenciais. 

Ao instaurar o inquérito, a Promotoria considerou que os bloqueios acabaram por "causar congestionamentos e indesejáveis dificuldades para a circulação em geral, inclusive de ambulâncias, resultado que, a princípio, pode gerar reflexos negativos para o combate à pandemia em questão, além de consequências para a ordem urbanística".

Nesta quinta-feira (7/5), 
diante da notícia de restabelecimento do rodízio na capital, a Promotoria decidiu expedir ofícios à prefeitura e CET para que, em 48 horas, informem a partir de quando vigorará o rodízio e por quanto tempo se planeja adotar a restrição; em que aspectos ele seguirá o mesmo regulamento do que era realizado antes da pandemia de covid-19 e em que aspectos houve alterações; quais as estratégias para divulgação da medida; os estudos e planejamento que basearam a retomada do rodízio, bem como, os objetivos a serem atingidos; e sobre o planejamento do rodízio para que não haja prejuízos à circulação de veículos e profissionais relacionados aos serviços essenciais, principalmente de saúde e segurança (ou seja, se será feita a identificação dos profissionais de saúde e de segurança e dos prestadores de outros serviços essenciais, bem como em que aspectos tais veículos e profissionais estarão isentos do rodízio e como serão liberados da medida, se o caso, de forma a se evitarem transtornos e embaraços à sua circulação).

Quanto aumento da frota de ônibus em virtude da retomada da restrição à circulação de veículos particulares, a Promotoria quer saber  em que se baseou o estabelecimento do número de veículos (ônibus) que será disponibilizado para reforço da frota de transporte coletivo, ou seja, com base em que estudos ou planejamento se estabeleceu o número de ônibus a mais em circulação a partir da retomada do sistema de rodízio, para não haver superlotação e, consequentemente, se evitar a propagação do novo coronavírus no transporte coletivo.