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Criminal

Em coletiva, autoridades destacam caráter interinstitucional da Operação Fim da Linha

Órgãos públicos se uniram para combater envolvimento do PCC com empresas de ônibus

Durante entrevista coletiva realizada na sede do MPSP nesta terça-feira (9/4), autoridades da própria instituição, da Secretaria de Estado da Segurança Pública, da Receita Federal e da Polícia Militar deram detalhes da Operação Fim da Linha, deflagrada para desbaratar esquema de lavagem de recursos obtidos de forma ilícita pela facção criminosa conhecida como PCC. Os envolvidos usavam a exploração do serviço de transporte público por ônibus na capital, por meio das empresas Upbus e Transwolff, para branquear valores provenientes de tráfico de drogas, roubos e outros delitos. Responsáveis pelo transporte de cerca de quase 700 mil passageiros por dia, as duas companhias receberam R$ 800 milhões de remuneração da Prefeitura de São Paulo em 2023.

Ao todo, a Justiça deferiu 52 mandados de busca domiciliar, quatro de prisão e cinco medidas cautelares. Os trabalhos resultaram na prisão de quatro pessoas, sendo uma em flagrante, e na apreensão de 11 armas, 813 munições diversas, R$ 161 mil, computadores, HDs e pen drives, assim como de dólares e barras de ouro. Um dos alvos que teve prisão decretada está foragido. Além disso, as investigações levaram ao bloqueio de R$ 596 milhões. Veículos, lanchas e motos aquáticas também estão entre os itens retidos. 

"Hoje é um dia histórico para o Ministério Público de São Paulo por mirar em núcleos financeiros da organização criminosa", afirmou Lincoln Gakiya, promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO). Após a coletiva ser aberta pelo procurador-geral de Justiça em exercício, Fernando José Martins, Gakiya afirmou que o PCC tem assumido contornos de uma máfia, com a infiltração em poderes do Estado, o que justifica a intervenção judicial nas duas empresas decretada pela prefeitura. "Assim, é possível evitar o repasse de dinheiro público a criminosos sem causar prejuízos à população", opinou, ao lado do subprocurador-geral de Justiça de Políticas Criminais, Fábio Kalaf.

A intervenção foi abordada também pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. "Não haverá prejuízo para os cidadãos nem para os funcionários", garantiu, revelando que dois funcionários de carreira da SPTrans e representantes do Poder Público municipal foram designados para comandar a Upbus e a Transwolff.

Diante dos jornalistas que lotaram o Auditório Tilene Almeida de Morais, o secretário de Estado da Segurança Pública, Guilherme Derrite, destacou a parceria entre o GAECO e a Polícia Militar no cumprimento dos mandados e a importância da participação da Receita Federal para dar maior robustez à asfixia financeira promovida contra o grupo criminoso. "É inaceitável que chefes de facção figurem como grandes empresários", disse. 

Marcia Cecília Meng, superintendente da Receita Federal em São Paulo, explicou o papel da instituição na análise de movimentações que indiquem a prática de crimes, incluindo a compra de empresas e a entrada em quadros societários feitas com o objetivo de dar ar de legalidade a valores resultantes de condutas ilícitas. De acordo com ela, um dos alvos da operação possui imóvel avaliado em R$ 10 milhões, mas que foi declarado com o valor de R$ 800 mil. "Ficou demonstrada também distribuição indevida de dividendos das empresas, que são isentos do pagamento de impostos. Um dos sócios recebeu R$ 14,8 milhões sem recolher tributos", revelou. Ela demonstrou ainda como o grupo criminoso usou compensações fraudulentas para concorrer em licitações públicas e usou holdings com a intenção de dissimular a propriedade de bens.

O comandante-geral da PM, Cássio Araújo de Freitas, asseverou que a operação desta terça tem especial importância porque o ataque ao crime organizado afeta também os crimes de rua. "Estamos em busca constante pelos líderes das facções para combater a linha logística desses grupos", contou. Ainda de acordo com Freitas, a PM vem operando de maneira preventiva para garantir o fluxo de transporte realizado pelos ônibus das empresas investigadas.

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