MPSP denuncia por cárcere privado dono de comunidade terapêutica irregular em Patrocínio Paulista
MPSP denuncia por cárcere privado dono de comunidade terapêutica irregular em Patrocínio Paulista
Responsável pelo local teve prisão preventiva decretada
Na última sexta-feira (3/5), o promotor de Justiça Tulio Vinicius Rosa denunciou por sequestro e cárcere privado o proprietário de uma comunidade terapêutica clandestina situada na zona rural de Patrocínio Paulista. O estabelecimento foi alvo, no dia 30 de abril, de uma operação da Promotora local em parceria com Vigilância Sanitária, Polícia Militar e Secretarias de Assistência Social e Saúde de Patrocínio Paulista. Na ocasião, as autoridades interditaram o espaço e prenderam o dono em flagrante. Ele teve a prisão preventiva decretada no dia seguinte, durante o Plantão Judiciário.
Após serem encaminhados à Santa Casa local e amparados pelo serviço da Proteção Social Especial, oito idosos que estavam no imóvel foram direcionados a seus municípios de origem, tendo as respectivas famílias devidamente contatadas.
Na denúncia, Rosa anexou documentos demonstrando que o acusado vinha, ao menos desde 2018, usando a denominação de comunidade terapêutica acolhedora para receber e manter, contra a vontade declarada ou sem consentimento válido, idosos com deficiência psicossocial confinados em péssimas condições de higiene e cuidados. Os familiares repassavam ao denunciado valores mensais entre R$ 600 e R$ 750.
A comunidade terapêutica funcionava em imóvel alugado, em área isolada e sem sinal de celular, com apenas um cômodo sem divisórias e um único banheiro não adaptado, configurando um quadro incompatível com os requisitos mínimos exigidos para esse tipo de estabelecimento. Durante a operação, a Vigilância Sanitária verificou que a casa é coberta por telhas de amianto, sem forro, levando a temperatura a níveis impróprios à saúde. O local possui ainda poucas janelas e baixa ventilação, fiações expostas e paredes com rachaduras. Além de não contar com equipamentos indispensáveis de acessibilidade, a casa fica próxima a um galinheiro e um chiqueiro, o que causava fortes odores sobretudo em dias de calor. Não havia cuidadores, enfermeiros, médicos ou quaisquer outros profissionais aptos a ministrarem tratamentos, sendo que eventual medicação era aplicada pelo próprio acusado, sem receitas conhecidas.
Entre outras irregularidades encontradas estavam o armazenamento inadequado de alimentos e pacientes em péssimas condições de saúde e higiene.
Em seu artigo 148, o Código Penal prevê pena de 1 a 8 anos de prisão para o crime de sequestro e cárcere privado.