Direitos iguais para homens e mulheres, o enfrentamento à violência doméstica, o fim do preconceito, e a luta pela liberdade das mulheres estão nos versos das músicas vencedoras do Concurso de Música Vozes Pela Igualdade de Gênero, realizado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo e pela Secretaria de Estado da Educação. A cerimônia de premiação ocorreu nesta segunda-feira, 5 de dezembro, durante a campanha dos 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher, na sede do MPSP. A primeira colocada será gravada pelo produtor Rick Bonadio, jurado do programa XFactor.
Em primeiro lugar, a música “Primeiro Passo” destaca: “E elas lutam, lutam de verdade, cansaram de tudo isso, e agora buscam liberdade”. O autor, o estudante Nathan Pereira da Silva, da Escola Estadual Deputado Silva Prado, que teve a orientação da professora Cristiane Macário de Lima, faz um convite aos homens na luta pelos direitos das mulheres: “Você não precisa ser mulher para aderir à causa”.
Relatando em versos uma história de violências sofridas por uma mulher, a segunda colocada, a música “Voar”, termina com esperança: “Uma atitude faz de homens e mulheres iguais, juntos com seus ideais, eles só querem sonhar, a sociedade melhorar, e juntos com a desigualdade acabar”. A música é de autoria do grupo “Vozes da Tribo”, composta pelos estudantes Luan Braz, Thailany Santiago V. Santos, Samuel Da Silva Leite, Arthur Santiago V. Santos e Vinicius Cosseti, da Escola Estadual Dona Cyrene de Oliveira Laet, e sob orientação da professora Sandra Martins Modesto.
Recebem os prêmios Nathan Pereira da Silva (1º lugar); o grupo "Vozes da Tribo (2º lugar); e o aluno Luiz Augusto Gomes de Lima (3º lugar)
A terceira colocada destaca em seu refrão uma provocação: “Me diga, Me diga, mais quantas Marias, no mundo terão que ser vítimas?”. A música "Me Diga" é de autoria do estudante Luiz Augusto Gomes de Lima, da Escola Estadual Prof. Joaquim Luiz de Brito, sob a orientação do professor Waldir Fante Filho.
Além da apresentação das músicas vencedoras, o evento reuniu os cantores Kell Smith, o grupo de rap A´s Trinca e o rapper Rafael Teixeira, que entoaram músicas de respeito à mulher e empoderamento feminino.
A´s Trinca, Rafael Teixeira e Kell Smith
Para a promotora de Justiça, Valéria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do MPSP, o concurso Vozes Pela Igualdade de Gênero, foi uma forma de derrubar preconceitos que persistem na sociedade. “Foi possível criar novas ideias, porque a música não precisa de mandado para entrar nas casas, a música não pede licença, a música não tem hora, a música não tem lugar e a música fala para qualquer pessoa, mesmo para aquela que não quer ouvir”. Para o subprocurador-Geral de Justiça de Planejamento Institucional, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, que representou o Procurador-Geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, o trabalho realizado por todos os jovens que participaram do concurso, é um tributo à cidadania: “vocês são jovens e estão tratando de um assunto tão importante para a sociedade”.
Para falar sobre enfrentamento à violência e respeito à mulher com jovens e adultos de forma lúdica, o concurso envolveu estudantes das 13 Diretorias de Ensino da capital. Segundo Thiago Teixeira Sabatine, do Núcleo de Inclusão Educacional da Secretaria da Educação, usar a música para falar com os jovens é estratégico, ao discutir um tema “tão dolorido, difícil e inquietante”.
A entrega das medalhas e troféus para os alunos e escolas premiadas foi realizada pelas promotoras de Justiça Fabiola Sucasas e Silvia Chakian, também organizadoras do concurso e pelo produtor musical Hélio Leite, da Midas Music, produtora que irá gravar a música vencedora. Para Leite, “a música é um fio condutor de emoção, fio condutor de muitas mensagens e de uma nobreza incrível quando se sabe aproveitar este instrumento que nós temos e que é muito poderoso”.
Sobre o concurso Vozes Pela Igualdade de Gênero
O concurso foi lançado no dia 6 de outubro de 2016. Puderam participar do concurso alunas e alunos das escolas estaduais da capital, regularmente matriculados e frequentes no ensino médio de curso regular ou da Educação de Jovens e Adultos (EJA), por meio da adesão da escola. No caso das inscrições em grupo, era obrigatória a participação de integrante do gênero feminino.
Para ampliar a mobilização, os grêmios estudantis das escolas e os coordenadores pedagógicos receberam uma tarde de formação à distância, por meio de videoconferência transmitida pela Rede do Saber, com promotoras de Justiça do Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid) e do Núcleo de Gênero, ambos do MPSP, e de educadores da Secretaria da Educação sobre o que é gênero; o que é violência de gênero, uma reflexão sobre os 10 anos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006); mapeamento das políticas públicas para as mulheres vítimas de violência; além de dicas e mobilização para o concurso.
Para se aproximar ainda mais das escolas, que participaram da formação à distância, as promotoras de Justiça e o Núcleo de Inclusão Educacional da Secretaria da Educação visitaram quatro escolas para um bate-papo sobre igualdade de gênero, envolvendo cerca de 2.000 alunos, um momento de aprofundar o debate e ouvir os estudantes sobre as suas perspectivas em relação à violência contra a mulher na sociedade brasileira.
O concurso Vozes Pela Igualdade de Gênero - 2016 teve três fases: a primeira foi uma composição musical e a escolha pela escola; a segunda fase foi a avaliação das Diretorias de Ensino; a última fase foi a escolha da comissão julgadora formada por representantes do MPSP, da Secretaria da Educação e da área musical. Participaram da fase final 17 composições musicais.