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Tuesday , 04 de april de 2017

Projeto que leva autor de violência doméstica a repensar seus atos chega à zona leste de SP

Proposta foi idealizada pela promotora Gabriela Manssur
Proposta foi idealizada pela promotora Gabriela Manssur

promotoras de Justiça do Gevi no lançamento do projeto para homens autores de violência doméstica

Dezoito homens acusados de terem cometido violência contra suas mulheres e ou companheiras compareceram na manhã desta terça-feira (4/4), ao Fórum Regional da Penha, na Zona Leste da capital. Intimados pelo poder Judiciário, a pedido do Ministério Público de São Paulo, eles foram entrevistados por uma equipe multidisciplinar para passar, a partir de agora, por encontros quinzenais, obrigatórios, onde são convidados a refletir, discutir e conversar sobre o crime ao qual respondem judicialmente. E também para que repensem seus relacionamentos familiares e passem a tratar suas esposas e filhos com mais cuidado e respeito. Outro objetivo é fazer com que os homens desconstruam o aprendizado de dominação e poder sobre a mulher.

 

Todos eles fazem parte do projeto Tempo de Despertar – Ressocialização do Agressor, primeiro grupo de reflexão desse tipo instalado na região, pela Vara de Violência Doméstica  e Familiar contra a Mulher da Região Leste 1 (Penha e Tatuapé) e pelo Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid). O trabalho é coordenado pela juíza Cláudia  Felix de Lima e pela promotora de Justiça Gabriela Manssur. O projeto foi implantado oficialmente na última sexta-feira (31/3). Na solenidade, o evento foi aberto pela promotora de Justiça Carolina Zanin, que afirmou: “Precisamos reduzir a agressividade nas relações e combater essa cultura da violência”.

 

Segundo ela, o projeto consiste na realização de grupos reflexivos com homens autores de violência doméstica, com o objetivo de prevenir e combater a violência e reduzir a reincidência. Já a juíza Cláudia explicou que, além dos processos, a Vara tem também um trabalho de acompanhamento das vítimas, para ajuda-las a recuperar a dignidade e seguir a vida normalmente depois do episódio de violência doméstica. “Percebemos que essas estatísticas não diminuem. Por isso precisamos voltar a atenção para os agressores, para romper esse ciclo”, explica a magistrada.

 

No projeto, os homens acusados de violência doméstica terão a oportunidade de conversar com psicólogos, ocasiões em que são abordados diversos temas e, com isso, poderão refletir sobre as próprias condutas e alterar o comportamento. Quem coordena o grupo de reflexão de homens do projeto na região da Penha é o filósofo Sérgio Barbosa e a coordenadora dos Direitos da Mulher de Taboão da Serra, Sueli Amoedo. Nesses grupos também são discutidos o uso de álcool e o desemprego, por exemplo, entre outros assuntos.  

 

O projeto Tempo de Despertar foi idealizado pela promotora de Justiça Gabriela Manssur em 2010, no Núcleo de Combate à Violência Doméstica Contra a Mulher (Gevid), de Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Dados estatísticos do núcleo mostram que entre 2014 a 2016 a reincidência passou de 65% para 2%. O sucesso da iniciativa resultou na lei municipal Tempo de Despertar nº 2.229/15, que torna obrigatório o programa de ressocialização do autor de violência contra a mulher. A prática já é adotada em alguns países com resultados bastante satisfatórios.

 

“A aproximação dos agressores com profissionais especializados que compõem a rede protetiva é indispensável para informá-los sobre a desigualdade de gênero, direitos das mulheres e os papéis que mulheres e homens desempenham atualmente na sociedade, numa tentativa de desconstrução do machismo”, afirma a promotora Gabriela Manssur.

 

O programa tem como público-alvo homens que estejam respondendo a inquérito policial, procedimento de medidas protetivas, prisão em flagrante e/ou processos criminais em andamento - com exceção de agressores que estejam com sua liberdade cerceada; crimes sexuais; dependentes químicos com comprometimento; portadores de transtornos psiquiátricos; e autores de crimes dolosos contra a vida. Cerca de 40 homens são entrevistados por uma equipe multidisciplinar e 30 são selecionados. Intimados pelo Poder Judiciário, a pedido do Ministério Público, a frequência é obrigatória e, como benefício, há a possibilidade de atenuação da pena. São realizados oito encontros quinzenais, quando uma palestra é ministrada por um especialista, seguida de roda de discussão do tema proposto.


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