O fim do preconceito e da violência de gênero, e a luta pela liberdade das mulheres estão nos versos da música Primeiro Passo, vencedora do Concurso de Música Vozes Pela Igualdade de Gênero, realizado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo e pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. A cerimônia de lançamento ocorreu nesta segunda-feira (26/6), na Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores – EFAP, e contou com um pocket show da cantora Kell Smith, do sucesso "Respeita as Mina", que também criou e cantou o refrão da nova canção. A primeira colocada do concurso foi gravada pelo produtor Rick Bonadio, da Midas Music e jurado do programa XFactor.
“E elas lutam, lutam de verdade, cansaram de tudo isso, e agora buscam liberdade” canta o estudante Nathan Pereira da Silva, da Escola Estadual Deputado Silva Prado, vencedor do concurso. Em "Primeiro Passo" ele faz um convite aos homens na luta pelos direitos das mulheres: “Você não precisa ser mulher para aderir à causa”.
“A criação de uma canção com esse viés se traduz em uma bandeira da sociedade brasileira, em um símbolo de empoderamento, sensibilidade e educação, em que a arte pode sim contribuir para a diminuição da desigualdade de gênero”, destacou no evento a promotora de Justiça Fabiola Sucasas, uma das idealizadoras do projeto. Para o secretário da Educação, José Renato Nalini, inspirar é um dos importantes papeis da educação e parabenizou o protagonismo do Ministério Público no projeto. “Fico feliz em ver promotoras de Justiça se aproximando da sociedade por meio da educação”. O diretor de marketing da Midas Music, Helio Leite, agradeceu pela parceria e motivou alunos e professores a continuarem dando voz a nova geração. “Espero que a gente continue fazendo mais ações para levar músicas melhores para nossa população”.
No evento, também foi lançado o documentário Vozes Pela Igualdade de Gênero – Primeiro Passo, realizado pelo MPSP, que mostra os bastidores da produção da música e fala sobre a importância do concurso como ferramenta de enfrentamento da violência contra a mulher.
Para Nathan, infelizmente o machismo virou comum na sociedade e ele conta que utiliza a música como um instrumento de transformação coletiva. “Eu uso o rap para mostrar o que está errado, para contestar e tentar fazer a sua mensagem ser ouvida. Eu escrevo sobre o que precisa ser mudado, e esse era um dos principais temas”. Sobre o fato de ser um homem falando do tema, Nathan mais uma vez provoca outros homens. “Todo mundo tem uma mulher na família, todo mundo não gostaria de vê-la sofrendo desta maneira”.
Além de Nathan, o documentário tem entrevistas com a cantora Kell Smith, com as promotoras de Justiça Fabíola Sucasas, Valéria Sacarance e Silvia Chakian, idealizadoras do projeto pelo MPSP; com Thiago Sabatine, coordenador do projeto pela SEE e com a professora Cristiane Macário de Lima, orientadora do Nathan; com o produtor Rick Bonadio; e com os músicos Hélio Leite, diretor de marketing da Midas Music e Renato Patriarca, produtor da Midas.
O concurso
Para falar sobre enfrentamento à violência e respeito à mulher com jovens e adultos de forma lúdica, o MPSP e a Secretaria de Estado da Educação realizaram o Concurso de Música – Vozes pela Igualdade de Gênero que envolveu estudantes das 13 Diretorias de Ensino da capital.
O concurso foi lançado no dia 6 de outubro de 2016. Puderam participar do concurso alunas e alunos das escolas estaduais da capital, regularmente matriculados e frequentes no ensino médio de curso regular ou da Educação de Jovens e Adultos (EJA), por meio da adesão da escola. No caso das inscrições em grupo, era obrigatória a participação de integrante do gênero feminino.
Para ampliar a mobilização, os grêmios estudantis das escolas e os coordenadores pedagógicos receberam uma tarde de formação à distância, por meio de videoconferência transmitida pela Rede do Saber, com promotoras de Justiça do Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid) e do Núcleo de Gênero, ambos do MPSP, e de educadores da Secretaria da Educação sobre o que é gênero; o que é violência de gênero, uma reflexão sobre os 10 anos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006); mapeamento das políticas públicas para as mulheres vítimas de violência; além de dicas e mobilização para o concurso.
Para se aproximar ainda mais das escolas, que participaram da formação à distância, as promotoras de Justiça e o Núcleo de Inclusão Educacional da Secretaria de Estado da Educação visitaram quatro escolas para um bate-papo sobre igualdade de gênero, envolvendo cerca de 2.000 alunos, um momento de aprofundar o debate e ouvir os estudantes sobre as suas perspectivas em relação à violência contra a mulher na sociedade brasileira.
Foto: Mastrangelo Reino/A2IMG