Na tarde da última quinta-feira (3/8), o núcleo de Ribeirão Preto do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Centro de Inteligência da Polícia Civil cumpriram três mandados de busca e apreensão em caso que envolve suspeitas de irregularidades em clínica clandestina ligada a um vereador do município. 

Após a Operação Sevandija, o Gaeco recebeu notícias de que um vereador municipal, dentista de formação, estaria atuando como médico, se valendo de receituário de outros profissionais da medicina. De acordo com relato anônimo, assessores comissionados que trabalham no gabinete do vereador atuavam na clínica, em desvio de função. Além disso, veículo da Câmara de Ribeirão Preto estaria sendo usado para aliciar eleitores.

Levantamento do Gaeco confirmou parte do relato, sobretudo com relação ao desvio de servidores públicos. Assim, foi solicitado que o Centro de Inteligência da Policia Civil apurasse os fatos. Monitoramento realizado pela polícia confirmou que o vereador vinha realmente utilizando veículo oficial, o local indicado e de receituário médico de terceiro, além do desvio de assessores comissionados e do veículo oficial. 

As buscas foram executadas em três endereços ligados ao vereador (residencial, funcional e clínica clandestina), com o objetivo de apreender documentos e objetos capazes de comprovar as suspeitas. Foram apreendidos talão parcialmente utilizado para prescrição de medicamentos, receita preenchida e livro-ponto dos assessores. Já na clínica clandestina foi encontrada toda uma estrutura típica de estabelecimentos para atendimento médico: duas salas de espera, salas de pré-atendimento e atendimento, além de estoque de medicamentos junto à cozinha. No local foram encontrados ainda milhares de medicamentos de diversas variedades, inclusive que exigem retenção de receituário. 

O estabelecimento não contava com alvarás do Conselho Regional de Medicina, do Conselho Regional de Odontologia nem da vigilância sanitária municipal. Duas portas do imóvel, inclusive, ostentavam comunicados informando que os atendimentos no ambulatório estavam paralisados por conta da falta de alvará.

O vereador é investigado pelos crimes de exercício irregular de profissão, uso de documento falso e peculato, além de corrupção passiva e ativa.