espaço

Tuesday , 10 de december de 2019

Adolescentes flagrados pelo MPSP em festas com documentos falsos recebem orientações jurídicas

Promotoria tenta identificar organizadores dos eventos
Promotoria tenta identificar organizadores dos eventos

Na última semana, 17 adolescentes com menos de 18 anos flagrados no início de outubro em uma operação coordenada pelo MPSP com o apoio da Polícia Militar tentando entrar em uma festa apresentando RGs falsos compareceram a reunião com promotores de Justiça. O objetivo dos membros do Ministério Público foi dar orientação jurídica e conscientizar os jovens sobre as consequências de seus atos. 

Os promotores de Justiça da Infância e Juventude da Capital Luciana Bergamo, Eduardo Dias e Wilson Tafner esclareceram que pessoas com menos de 18 anos que compram RGs falsos para entrar em baladas correm o risco de responder por ato infracional se forem flagrados portando o documento. Muitas vezes, os jovens são aliciados na porta de colégios, e passam dados pessoais e fotos por WhatsApp a pessoas ligadas a quadrilhas de falsificadores. 
Posteriormente, essas informações podem servir para a produção de RGs atribuídos a pessoas ligadas ao crime para a compra de celulares que vão parar dentro de penitenciárias, para a abertura de empresas fraudulentas ou aquisição de veículos usados durante assaltos. Ou seja, uma série de consequências não imaginadas pelos adolescentes. O mais grave é que, já adultos, quando forem tirar novas documentações, eles podem ser surpreendidos com ordens de prisões por crimes que não cometeram. 

A promotora Luciana Bergamo explicou na reunião que a Promotoria da Infância e Juventude da Capital pretende identificar os organizadores dessas baladas. Ela contou que havia recebido uma informação de que o responsável pela festa em que os adolescentes tentaram entrar em outubro é um conhecido promoter que já responde processo por tentativa de homicídio de um adolescente de 17 anos em uma casa noturna. O garoto, espancado com uma muleta na cabeça mesmo após ter caído no chão, quase perdeu a visão.  “E, de fato, constatamos que esse mesmo promoter estava presente na festa que interceptamos,” disse ela.

Além das consequências jurídicas, os promotores explicaram aos jovens o modus operandi dos organizadores das baladas para tentar se livrar das responsabilidades. “Eles forçam os adolescentes a produzir provas contra si mesmos, uma vez que os fotografam na entrada das casas noturnas segurando os RGs falsos. E os garotos ficam sem entender o porquê de terem sido fotografados,” explicou Luciana.  “A experiência pela qual vocês passaram é uma lição para o resto da vida,” complementou Tafner. “Não se trata de excesso de zelo. Nosso objetivo não é o de acabar com as baladas, mas é parte de nosso dever proteger a juventude,” disse ainda Dias. 


Os pais dos adolescentes que acompanharam a reunião demonstraram preocupação com a situação relatada pelos membros do MPSP. Um deles sugeriu aos promotores a edição de um vídeo com as orientações transmitidas no encontro para posterior compartilhamento nas redes sociais e nos canais de comunicação dos colégios em que os filhos estudam. 


A Promotoria da Infância e Juventude da Capital investiga desde 2012 festas organizadas sem alvarás concedidos pela prefeitura e pelos bombeiros. Em 2013, o MPSP recebeu uma denúncia sobre uma festa organizada em uma casa locada em que houve o estupro de uma adolescente de 15 anos. Em maio de 2014, a Promotoria criou o projeto Balada Legal, que visa a garantir segurança para crianças e adolescentes nas “festas teens” que são promovidas na cidade. Em 2017, outra frente de investigação passou a mirar em baladas realizadas por comissões preparatórias de festas de formatura de colégios particulares. 


O MPSP já obteve várias liminares impedindo a realização de festas para menores de idade, e fez diversas operações em conjunto com a Polícia e com órgãos da prefeitura e do Conselho Tutelar. Diversas ações, judiciais e extrajudiciais, continuam sendo tomadas para impedir a entrada de crianças e adolescentes, desacompanhados dos pais, em baladas e festas que não contam com alvará específico da Justiça da Infância e da Juventude. Os promotores ressaltaram que não se pretende impedir o lazer dos mais jovens, mas garantir que eles frequentem espaços seguros e não sejam expostos a ambientes inadequados à faixa etária, tudo conforme determina a lei.


Núcleo de Comunicação Social

Ministério Público do Estado de São Paulo - Rua Riachuelo, 115 – São Paulo (SP)
[email protected] | Tel: (11) 3119-9027 / 9028 / 9031 / 9032 / 9039 / 9040 / 9095
espaço
espaço

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Rua Riachuelo, 115 - São Paulo - CEP 01007-904 - PABX: 11 3119.9000

Horário de Atendimento: das 9h às 19h

Todos os direitos reservados

 
espaço